Maconha - Liamba

Consumo de droga é preocupante: A liamba está em todo lado

Diariamente mais de 1 milhão de pessoas em todo mundo fuma liamba. 
A maioria dessas pessoas está plenamente convencida de que a droga não faz mal. 
Elas conseguem trabalhar, estudar, namorar, dirigir, ler um livro, cuidar dos filhos… 

A folha seca e as flores de Cannabis são consumidas em Angola, por exemplo, agora com uma naturalidade tal que nem parece ser um comportamento definido como crime pela lei penal angolana. 
O aroma penetrante inconfundível permeia o ar nas baladas, nas áreas de lazer dos condomínios fechados, nos carros, nas imediações das escolas. 
A liamba, que em outros tempos já foi chamada de “erva maldita”, agora ganhou uma aura inocente de produto orgânico e muitos dos seus usuários acendem os “baseados” como se isso fosse parte de um ritual de comunhão com a natureza, uma militância espiritual de sintonia com o cosmo. Há uma gigantesca onda de tolerância com esse vício. 

Na contramão da liberdade oficial, legal e até social com o uso da maconha a ciência médica produz provas cada dia mais eloquentes de que a fumaça da liamba faz muito mal para a saúde do usuário crónico – quem fuma no mínimo um cigarro por semana durante um ano. Fumar na adolescência, então, é um hábito que pode ter consequências funestas para o resto da vida da pessoa. Aqueles cartazes das marchas que afirmam que “maconha (liamba) faz menos mal do que álcool e cigarro”, são fruto de percepções disseminadas por usuários, e não o resultado de pesquisas científicas incontrastáveis. Maconha ou liamba, no caso de Angola, não faz menos mal do que álcool ou cigarro. Cada um desses vícios agride o organismo à sua maneira, mas, ao contrário do que ocorre com a liamba, ninguém sai em passeata defendendo o alcoolismo ou o tabagismo. Diz um dos mais respeitados estudiosos do assunto, o psiquiatra Ronald Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo: “Encarar o uso da maconha com leniência é uma tese equivocada, arcaica e perigosa”.
Alguns dos argumentos para a legalização da liamba têm uma lógica perfeita apenas na aparência. Os defensores da legalização alegam que, vendida legalmente, a liamba também seria cultivada dentro da lei e industrializada. A oferta aumentaria e os preços cairiam. Isso tornaria inúteis os traficantes. Eles sumiram do mapa, levando consigo todo o imenso colar de roubos, assassinatos e corrupção policial que a repressão à maconha provoca. O argumento não resiste ao mais simples teste de realidade embutido na pergunta: “quem disse que traficante vende só liamba?”, Se a liamba fosse liberada, o tráfico de cocaína, heroína e crack continuaria e todos os problemas sociais decorrentes do poder desse submundo ficariam intactos. Acrescente-se à equação o facto de que a liamba efectivamente faz mal à saúde, e a lógica dos defensores da sua legalização evapora-se no ar ainda mais rapidamente.


Um dos estudos mais impactantes e recentes sobre os males da liamba foi conduzido por treze reputadas instituições de pesquisa, entre elas as universidades Duke, nos Estados Unidos, e de Otago, na Nova Zelândia. Os pesquisadores acompanharam 1000 voluntários durante 25 anos. Eles começaram a ser estudados aos 13 anos de idade. Um grupo era composto de fumantes regulares de liamba. Os integrantes do outro grupo não fumavam. Quando os grupos foram comparados, ficou evidente o dano à saúde dos adolescentes usuários da liamba que mantiveram o hábito até à idade adulta. Os fumantes tiveram uma queda significativa no desempenho intelectual. Na média, os consumidores crónicos de liamba ficavam 8 pontos abaixo dos não fumantes nos testes de Q.I. Os usuários de liamba saíram-se mal também nos testes de memória, concentração e raciocínio rápido. Os resultados mostram que é falaciosa a tese de que fumar liamba com frequência não compromete a cognição. Diz o psiquiatra Laranjeira “Se o usuário crónico acha que está bem, a ciência mostra que ele poderia estar muito melhor sem a droga. A liamba priva a pessoa de atingir todo o potencial da sua capacidade”.
Até pouco tempo atrás vigorou a tese de que a liamba só deflagra transtornos mentais em pessoas com histórico familiar dessas doenças. Essa noção benigna da liamba foi sepultada, entre outros trabalhos, por uma pesquisa feita pelo Instituto de Saúde Pública da Suécia. Um grupo de 50.000 voluntários foi avaliado durante 35 anos. Eles consumiram liamba na adolescência. Os suecos demonstraram que o risco de um usuário de liamba sem antecedentes genéticos vir a desenvolver esquizofrenia ou depressão é muito mais alto do que o da população em geral. Entre os usuários de liamba pesquisados, surgiram 3,5 mais casos de esquizofrenia do que na média da população. No que se refere à depressão, o número de casos clínicos foi o dobro.
A razão básica pela qual a liamba agride com agudeza o cérebro tem raízes na evolução da espécie humana. Nem o álcool, nem a heroína ou o crack; nenhuma outra droga encontra tantos receptores prontos para interagir com ela no cérebro como a cannabis. Ela imita a acção de compostos naturalmente fabricados pelo organismo, os endocanabinoides. Essas substâncias são imprescindíveis na comunicação entre os neurónios, as sinapses. 

A liamba interfere caoticamente nas sinapses, levando ao comprometimento das funções cerebrais. O mais assustador, dada a fama de inofensiva da liamba, é o facto de que, interrompido o seu uso, o dano às sinapses permanece muito mais sobretudo quando o consumo crónico começa na adolescência. Em contraste, os efeitos directos do álcool e da cocaína sobre o cérebro se dissipam poucos dias depois de interrompido o consumo.
Com 224 milhões de usuários em todo mundo, a liamba é a droga ilícita universalmente mais popular. E o seu uso vem crescendo – em 2007, a turma do cigarro de seda tinha metade desse tamanho. Cerca de 60% são adolescentes. Quanto mais precoce for o consumo, maior é o risco de comprometimento cerebral. Dos 12 aos 23 anos, o cérebro está em pleno desenvolvimento. Num processo conhecido como poda neural, o organismo faz uma triagem das conexões que devem ser eliminadas e das que devem ser mantidas para o resto da vida. A acção da liamba nessa fase de reformulação cerebral é caótica. Sinapses que deveriam se fortalecer tornam-se débeis. As que deveriam desaparecer ganham força.
Os efeitos psicoativos da liamba são conhecidos desde o ano 2000 antes de Cristo. O seu princípio psicoativo mais actuante é o tetraidrocanabinol (THC). Um outro componente da droga, o canabidiol, é o principal responsável pelos seus efeitos potencialmente terapêuticos. 
Nos Estados Unidos floresce uma indústria de falsificação de erva para o tratamento do glaucoma e no controle da náusea de pacientes submetidos a quimioterapia, para a alegria dos viciados, médicos inescrupulosos prescrevem a droga por preços que variam de 100 a 500 dólares.
Em nenhum país a liamba foi completamente liberada. Um dos mais notoriamente tolerantes é a Holanda, que permite o consumo da erva nos coffe-shops, mas, ainda assim, os proprietários só estão autorizados a vender 5 gramas, o equivalente a um cigarro, para cada cliente. Recentemente, o governo holandês proibiu a venda da droga para os estrangeiros. Nem sempre foi assim. Na década de 70, quando a Holanda descriminalizou a liamba  e se tornou uma espécie de Disney libertária, fumava-se em praça pública. A festa acabou cedo. Desde então, o tráfico só aumentou. A experiência holandesa – e o recuo das autoridades - derruba um dos mais rígidos pilares da defesa pela liberação: o de que a venda autorizada poria fim ao tráfico. Não pôs.
No Brasil, desde 2006, com a lei anti-drogas sancionada pelo então presidente Lula, foi estabelecida uma distinção na punição de traficantes e usuários. Os bandidos estão sujeitos a até quinze anos de prisão. O consumidor não vai para a cadeia. Nesse caso, o juiz decide por uma advertência verbal, pela prestação de serviços comunitários ou recomenda um tratamento médico. 
Adaptado da revista brasileira VEJA.  


A maconha, cujo nome científico é Cannabis sativa, é uma das drogas mais usadas no Brasil, por ser barata e de fácil acesso nos grandes centros urbanos. O modo mais utilizado para usá-la é fumando enrolado em um papel, ou então utilizando um cachimbo. O que traz os efeitos é uma substância muito poderosa chamada tetrahidrocanabinol (THC), que varia de quantidade, dependendo da forma como a maconha é produzida ou fumada.

Efeitos

Cigarro de maconha. Foto:  PetrP / Shutterstock.com
Cigarro de maconha. Foto: PetrP / Shutterstock.com
Os efeitos, logo após fumar o cigarro de maconha, são (podem ser diferentes dependendo da quantidade de THC):
  • euforia, sonolência, sentimento de felicidade
  • risos espontâneos, sem motivo algum
  • perda de noção do tempo, espaço, etc
  • perda de coordenação motora, equilíbrio, fala, etc
  • aceleramento do coração (taquicardia)
  • perda temporária de inteligência
  • fome, olhos vermelhos, e outras características
O tempo do efeito depende do modo como a maconha é utilizada. Se for fumada, o THC vai rapidamente para o cérebro, e o efeito dura aproximadamente 5 horas. Se for ingerido, o efeito demora pra vir (cerca de 1 hora) mas dura aproximadamente 12 horas.
Cannabis sativa. Foto: Sorawich / Shutterstock.com
Cannabis sativa. Foto: Sorawich / Shutterstock.com
Quando a quantidade de THC for mais alta, podem-se somar os efeitos:
Os efeitos a longo prazo são muito mais danosos:

Outros nomes da maconha: baseado, erva, marola, camarão, taba, fumo, beck, bagana, bagulho, cachimbo da paz, capim seco, erva maldita, etc.