Directora Geral INALUD - Ana Graça


Ana Graça (AG) - O objectivo principal desta conferência era chamar a atenção da população nacional e internacional para as necessidades de prevenção.

Por vezes as pessoas não percebem essa necessidade, uma vez que possuímos estatísticas débeis. Tirando os nossos profissionais, a restante população não valoriza estas problemáticas.

Face aos indicadores que possuímos no Hospital Psiquiátrico de Luanda, vamos constatando gradualmente que o fenómeno vai tomando um rumo muito contrário ao desejado. Daí que realizemos conferências, chamemos a comunicação social e as pessoas para darmos a conhecer a sociedade a realidade actual face ao consumo de substâncias psicotrópicas.

Em que medida faria sentido a criação de uma estratégia nacional de intervenção em Angola?

Ana Graça (AG) - Nós temos uma estratégia, aprovada em Setembro do ano transacto... Que inclui os eixos que consideramos essenciais, desde a prevenção à redução de riscos, da procura e da oferta, passando pela reiserção social e pelo tratamento.

Porque só agora a primeira conferência?

Ana Graça (AG) - A História de Angola conta-nos que, em tempos mais remotos, as substâncias psicotrópicas, sobretudo a Liamba, sempre foi usada... Mas era usada sobre tudo para tratar pestes animais e para encorajar o pescador a ir ao mar. Então, para amenizar esses dois propósitos, era usada de uma forma muito mínima e quase regulada por eles... entretanto, nos anos 60, isto foi tomando outros rumos: muita juventude cá, muita gente proveniente de Portugal e das ex-colónias, que traziam outras formas de estar.

Numa determinada altura da história de Angola, nos colégios, a malta jovem dotada de algum poder financeiro fazia muito uso dessas substâncias. Nós, os nativos, pouco fazíamos. Entretanto, no pós 25 de Abril, houve um período em que, com excepção das forças armadas e do exercito durante o período de guerra, isto praticamente não se fazia sentir. Face ao caos provocado pela guerra, as pessoas de cá não tinham disponibilidade para o consumo dessas substâncias.

Com o fim da guerra, com a globalização e a aberturas das fronteiras, as pessoas iam e viam, traziam novas formas de estar, novas culturas, e foi-se incrementando o uso de substâncias psicotrópicas... Temos aqui um problema que devemos cuidar com todo cuidado, nomeadamente o relacionado com o álcool.


PARA OS DEPENDENTES DO ÁLCOOL DIZ ANA GRAÇA (AG) - Que para já temos o Hospital Psiquiátrico. Estamos a Construir um centro especialmente vovacionado para dependentes, que não demorará mais do que dois meses a inaugurar.

Entretanto, estamos a desenvolver esse trabalho uma vez que instalámos uma unidade especializada em Luanda, com médicos e enfermeiros devidamente treinados, que dão uma resposta adequada às necessidades.